Psicologia e Vida

A VIÚVA DE SAREPTA
(1 Rs 17, 7-16)

Proponho este texto bíblico para que pensemos sobre o valor da confiança em nossa vida. E também porque é um episódio de grande valor para este nosso mundo onde a confiança está em declínio. Abramos o nosso coração, a nossa vida e a nossa mente para que a Graça de Deus fale bem forte em nós.                 

Sarepta, atual de Sarafand, é o nome de uma antiga cidade fenícia, situada entre Tiro e Sidônia, na costa mediterrânea do Líbano.                 

No reinado de Acabe, houve uma grande seca. Por três anos e seis meses nem uma gota sequer de água caiu do céu. Esta seca, fora predita pelo profeta Elias, que, perseguido, se refugia junto ao ribeirão de Querite. Elias ficou em Querite, sendo sustentado pelos corvos até o riacho secar. Deus cuidou de Elias para que não morresse de fome, já que não podia andar livremente pela região.                 

Certo dia, Elias acorda e não vê corvos, nem comida, nem água. O riacho havia secado. Ele precisava partir, algo novo lhe esperava. Quem ordena que o riacho seque é o próprio Deus que lhe aponta um novo caminho, nova direção: “Levanta-te e vai a Sarepta, que pertence à Sidônia, e lá habitarás. Eis que ordenei lá, a uma viúva, que te dê o sustento” (1Rs 17,9).

É interessante: quando o riacho seca é chegada a hora do começo e não a hora da desesperança. É preciso partir. E Elias vai. Chegando a Sarepta encontra a viúva recolhendo alguns gravetos, não lenha, mas gravetos. Lidar com o que se tem é sinal de sabedoria e incentivo. Neste caso era a morte que se vislumbrava.

Sabemos que viúva na Bíblia é uma mulher desprotegida, pois quem cuida da mulher é o marido. E Elias faz o contrário: pede comida para ela. É uma atitude inusitada. E mais, Elias pede que ele coma primeiro. Quando alguém está com fome, pensa em si primeiro, exceto quando a importância do outro está impregnada no coração amoroso de alguém. Quando a fome chega, nada é mais importante do que a comida no prato. Quando a fome de sentido existencial chega, nada é mais suave do que a presença de alguém ou de algo que sabemos confiante.

Esta viúva é corajosa, ela entrega tudo a Elias, tudo o que tinha para viver. Lembremos que no Evangelho Jesus fez uma observação assim para aquela viúva que depositou tudo o que tinha para viver (cf. Mc 12, 43). Pois é, é bom a gente pensar nestes limites.                 

Mas, qual foi a surpresa! – a farinha e o óleo de fato não acabaram. E nem aumentaram. Aprendamos, pois, que a confiança não está no que possuímos, mas na fé que temos. Perguntemos: será que esta notícia tenha se espalhado? Será que muitos vieram para pedir comida? Possivelmente sim. Imaginemos o quanto de mudança este fato produziu na vida desta viúva sofrida, desvalida. Ela se torna o testemunho visível da Providência de Deus. Onde não havia nada, a vida continuou, a esperança persistiu, venceu. Jesus disse que havia muitas viúvas em Israel, mas somente essa recebeu o necessário para viver (cf. Lc 4,25). Na visão de Elias esta grave seca é sinônimo de abandono pelas pessoas do Deus vivo e verdadeiro.

Que nada neste mundo afaste de nós a fé e nem tire de nós a capacidade de amar.

Desejo a todos/as um Natal Feliz e harmonioso. Que o Menino Deus continue suscitando em nós a confiança necessária para que cada dia encontremos o sentido maior de nossa existência.

Feliz Natal para você e sua família!

 

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